quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Em 2014, mais de 3 mil refugiados morreram tentando chegar à Europa






Ucho.INfo
(DPA)
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Rota de fuga – Mais de 3 mil imigrantes morreram, apenas neste ano, ao tentarem cruzar o Mar Mediterrâneo e entrar ilegalmente na Europa. Os números são do relatório da Organização Internacional para as Migrações (OIM), divulgado na segunda-feira (29) na sede da entidade em Genebra.
A OIM registrou 4.077 mortes em todo o mundo, porém 3.072 delas, cerca de 75%, ocorreram no mar que separa o continente europeu do africano. A Europa é, portanto, de longe o destino mais perigoso para os imigrantes.
“Chegou a hora de fazermos mais do que apenas contabilizar as vítimas”, criticou Willian Lacy Swing, diretor-geral da organização, que trabalha em cooperação com as Nações Unidas. “É hora de o mundo se comprometer a acabar com essa violência contra imigrantes desesperados”.
Desde 2000, as tentativas de imigração ilegal já causaram a morte de mais de 40 mil pessoas em todo o mundo. Swing ressaltou ainda que uma em cada sete pessoas em todo o mundo é atualmente considerada imigrante, e lamentou a “resposta dura do mundo desenvolvido à migração”.
“Precisamos por fim a esse ciclo”, afirmou. “Imigrantes sem documentação não são criminosos, mas seres humanos que precisam de proteção e assistência, e merecem respeito”.
O relatório foi divulgado semanas após uma das piores tragédias com imigrantes já registradas, quando afundou uma embarcação que transportava cerca de 500 refugiados (incluindo cerca de cem crianças) provenientes da Síria, do Egito e dos territórios palestinos. Dois sobreviventes afirmaram que os contrabandistas que organizaram a travessia afundaram a embarcação nas proximidades da ilha de Malta.
Na mesma época, na costa da Líbia, um barco com mais de 200 ocupantes afundou a apenas 20 quilômetros ao oeste da capital Trípoli. Segundo a Marinha local, 36 náufragos foram resgatados.
Números reais podem ser maiores
O número de mortes registradas nos primeiros nove meses deste ano já representa mais que o dobro do maior registro feito anteriormente. Em 2011, durante as revoltas da Primavera Árabe, 1,5 mil pessoas morreram.
O relatório afirma que as mortes são um reflexo do “aumento dramático no número de imigrantes que tenta chegar a Europa”. Mais de 112 mil imigrantes ilegais foram detidos apenas pelas autoridades italianas durante os oito primeiros meses de 2014 – quase o triplo do total do ano anterior.
“Muitos fogem de conflitos, perseguições ou da pobreza”, diz o documento da OIM. A maioria dos que chegaram à Itália vieram em busca de refúgio da guerra civil na Síria ou são fugitivos do regime repressivo na Eritreia. A piora da situação na Líbia, um país de trânsito para muitos imigrantes, também contribui para o aumento de pessoas que tentam chegar à Europa.
Na fronteira entre o México e os Estados Unidos, mais de 6 mil perderam a vida entre 1998 e 2013, o que equivale a uma média anual de 400 mortes. Já na costa da Austrália, cerca de cem pessoas morrem a cada ano desde 2000, enquanto milhares de outras perdem suas vidas no deserto do Saara e no Oceano Índico.
A OIM aponta que o número real de mortes pode ser ainda maior do que o divulgado pelo relatório, pois há falta de estatísticas detalhadas e muitas mortes de imigrantes ao redor do mundo não são registradas.
“Alguns especialistas acreditam que para cada corpo encontrado há no mínimo mais dois que jamais foram recuperados”, afirma a organização. (Com agências internacionais)

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