quinta-feira, 6 de março de 2014

Venezuela: dezenas de manifestantes são presos em protestos; guarda bolivariana tenta impedir até socorro a feridos; Maduro rompe com o Panamá; Dilma segue muda




Enquanto Nicolás Maduro comandava as homenagens oficiais a Hugo Chávez, que morreu há exatamente um ano, em companhia do ditador Raúl Castro, de Cuba, e do protoditador da Bolívia, Evo Morales, milhares de venezuelanos saíam às ruas para protestar contra o governo, a maioria vestida de preto, em sinal de luto — mas não pela morte de Chávez. Fotos postadas no Twitter por manifestantes dão conta de que as barricadas se espalham pela grande Caracas e por outras cidades país afora. Os confrontos com a Guarda Nacional Bolivariana são permanentes, e houve dezenas de detenções. Maduro tem, até agora, um único argumento — ou dois: porrete e bombas de gás lacrimogêneo. O que há em comum entre os manifestantes de lá e a turma do quebra-quebra daqui? Nada. A Venezuela é uma ditadura. O Brasil é uma democracia.
Duas fotos postadas nas redes sociais dão conta do caráter que estão assumindo as manifestações e a repressão. Numa delas, uma jovem que segurava uma cartolina de protesto faz um cone e o aponta contra os soldados, armados até os dentes. Evidencia-se, assim, que, de um lado, estão manifestantes desarmados e pacíficos; de outro, as tropas do regime, que já mataram 19 pessoas. Vejam.
Venezuela 1 - cartolina contra armas
Uma outra é ainda mais estupefaciente. Soldados da Guarda Nacional Bolivariana tentam impedir homens de uma força municipal de segurança da cidade de Carrizal de socorrer vítimas dos confrontos. Apontam armas contra aqueles que estão prestando socorro.
Venezuela 3 - Soldados Prefeitura Carrizal (estado de Miranda)
Nicolás Maduro, o presidente, não obstante, segue a sua marcha, tomado pela mesma loucura de Hugo Chávez, mas sem os mesmos dotes histriônicos, no comando de um país em que a economia e a institucionalidade foram destruídas.
Nesta quarta, num ato patético, Maduro rompeu relações políticas e comerciais com o governo do Panamá, a quem acusou de lacaio dos Estados Unidos. Ricardo Martinelli, o presidente panamenho, solicitou uma reunião de chanceleres da Organização dos Estados Americanos para debater a crise na Venezuela. Maduro já afirmou que não aceita a mediação da OEA. Em nota oficial, Martinelli se disse surpreso e afirmou que o único desejo do Panamá é que os venezuelanos encontrem a paz e a democracia. Ocorre que isso é tudo o que Maduro não quer.
No discurso que fez em homenagem a Chávez, Maduro acusou os manifestantes de tentar explodir 15 túneis, além de estradas e pontes. Obviamente, trata-se de uma mentira deslavada. Onde estão as evidências? Não existem. Chamou de “fascistas” os que protestam e convocou as milícias governistas — estas, sim, fascistoides — a enfrentar os que vão as ruas.
Em suma, a Venezuela tem hoje na Presidência da República um louco delirante que exorta milícias armadas a enfrentar no muque os que se manifestam em defesa da democracia. Alguns dos mortos, não custa lembrar, foram atingidos por atiradores anônimos. Isso torna Maduro cúmplice óbvio de assassinos. E tudo se dá, repita-se quantas vezes isso se fizer necessário, sob o silêncio cúmplice do governo Dilma — aquele mesmo que instituiu por aqui uma Comissão da Verdade.
Fica cada vez mais patente que Dilma não fez essa opção por amor à Justiça, mas para se vingar de inimigos ideológicos. Ou não silenciaria, agora, sobre 19 cadáveres que já se contam na luta dos venezuelanos em favor da liberdade. O comportamento do governo brasileiro é repulsivo.
Por Reinaldo Azevedo

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