quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Brasileiro é baleado durante ataque contra comboio em Moçambiqu




Incidente ocorreu no trajeto entre Nampula e capital, Maputo.
Missionário foi atingido na bacia, passou por operação e se recupera.

Do G1, em São Paulo
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Um missionário brasileiro foi baleado durante um ataque contra um comboio de aproximadamente 20 carros na última terça-feira (29) em Moçambique.
De acordo com a assessoria de imprensa do Itamaraty, o comboio foi atacado no trajeto entre a cidade de Nampula e a capital do país, Maputo.
Há a suspeita, segundo a embaixada do Brasil no país africano, de que o ataque tenha sido feito por homens ligados ao ex-grupo rebelde Renamo, que está em frequente guerra com as forças do governo.
Ainda de acordo com o Itamaraty, no comboio estavam vários brasileiros, mas apenas o missionário teve ferimentos.
O missionário foi atingido na bacia e levado às pressas para um hospital em Beira. Ele passou por uma cirurgia para a retirada da bala e, segundo o Itamaraty, está em observação e responde bem ao tratamento.
Após o incidente, o chefe do setor consultar da embaixada brasileira no país se deslocou até Beira para visitar o missionário e também para dialogar com outros brasileiros da comunidade local.
O Itamaraty salientou que a embaixada brasileira prestou todo o atendimento e apoio necessário aos brasileiros no local.
Por conta da privacidade, o nome da vítima não foi divulgado.
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Moçambicanos fazem passeata pela paz nesta quinta-feira (31) em Maputo (Foto: Reuters)Moçambicanos fazem passeata pela paz nesta quinta-feira (31) em Maputo (Foto: Reuters)



Polícia canadense apreende vídeo que mostra prefeito de Toronto fumando crack






Segundo jornal, Rob Ford, que administra maior cidade do país, usou a droga na companhia de três traficantes; assessor informal foi preso

O prefeito Rob Ford tenta ignorar os repórteres que o questionaram sobre o "vídeo do crack"
O prefeito Rob Ford tenta ignorar os repórteres que o questionaram sobre o "vídeo do crack" (Reuters)
A polícia canadense afirmou nesta quinta-feira que encontrou um vídeo que mostra Rob Ford, o prefeito de Toronto, a maior cidade do país, fumando crack na companhia de traficantes. A existência de tal vídeo já havia sido revelada em maio deste ano pelo jornal Toronto Star e pelo site Gawker, que à época publicaram apenas uma foto de um trecho do vídeo e descreveram o episódio. 
Agora, o chefe da polícia da cidade, Bill Blair, afirma que as imagens do vídeo encontrado correspondem às descrições feitas pelos dois veículos. A polícia descobriu o vídeo na terça-feira em um computador apreendido em meio a uma investigação sobre tráfico de drogas. Com base na descoberta, policiais prenderam Alexander "Sandro" Lisi, uma espécie de motorista e “faz tudo” do prefeito. Nenhum trecho do vídeo foi divulgado pela polícia. Segundo Blair, as imagens não parecem ter sido alteradas ou manipuladas digitalmente.
Segundo Blair, policiais acompanharam os passos de Sandro nas últimas semanas e notaram que ele se encontrava regularmente com o prefeito e recebia pacotes de papelão. Na terça-feira, a polícia finalmente prendeu Sandro por extorsão. Ainda não está claro se a polícia suspeita que Sandro estivesse chantageando o prefeito para não divulgar as imagens ou que ele estivesse envolvido em algum outro tipo de extorsão para recuperar as imagens de outra pessoa.
Reprodução
Reprodução do vídeo que mostra Ford ao lado de traficantes
Registro - Segundo a reportagem doToronto Star que revelou a existência do vídeo em maio, as imagens teriam sido registradas em dezembro de 2012. Elas mostram, segundo o jornal, que Ford teria acendido um cachimbo com a droga e fumado em uma casa de um bairro da periferia de Toronto na companhia de três traficantes – posteriormente, dois deles acabaram presos e um morreu baleado num confronto entre gangues. 
À época da divulgação da existência do vídeo, o Toronto Star e o Gawker afirmaram que souberam da existência das imagens quando duas pessoas não identificadas tentaram vender o registro por uma quantia alta. Os dois veículos recusaram o negócio, mas alguns de seus repórteres conseguiram ver as imagens antes da negociação e obtiveram a fotografia de um trecho. 
Ford negou de imediato ter usado qualquer substância ilegal e pareceu determinado a resistir no cargo, apesar da renúncia de vários colaboradores em consequência do escândalo. Nesta quinta-feira, a imprensa canadense tentou falar com o prefeito em sua casa e foi recebida aos gritos. Segundo o Toronto Star, Ford empurrou um fotógrafo e mandou os repórteres saírem do seu gramado, antes de partir em alta velocidade com seu carro.
Mais tarde, quando chegou na prefeitura, Ford anunciou que não tem a intenção de renunciar. “Vou continuar fazendo o trabalho para o qual o povo me elegeu, que é economizar o dinheiro do contribuinte e seguir com o grande governo que estamos fazendo”, disse.

Cassação de deputada do PSOL no Rio é 'inevitável'




Janira Rocha é acusada de montar esquema de caixa 2 na campanha de 2010 do partido. Mesmo sem ouvi-la, corregedoria da Alerj está finalizando relatório

Cecília Ritto, do Rio de Janeiro
Janira Rocha, deputada estadual pelo PSOL
Janira Rocha, deputada estadual pelo PSOL (Carlo Wrede/Ag. O Dia)
A deputada estadual do Rio de Janeiro Janira Rocha, do PSOL, vem tentando adiar o "inevitável": a cassação por quebra de decoro parlamentar. Acusada de arquitetar um esquema de caixa 2 na campanha de 2010, desviando recursos de um sindicato de servidores, e de cobrar parte dos salários de funcionários de seu gabinete - Janira saiu de cena por um mês por meio de uma licença médica, que agora ela tenta renovar. Enquanto isso, a corregedoria da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) avança na apuração do caso. Treze pessoas que trabalham ou trabalharam para a deputada já foram ouvidas e o relatório é considerado "bem adiantado". A menos que um fato novo surpreenda os deputados, a perda de seu mandato é "dada como certa". Ouvi-la, a essa altura, é considerado apenas um "procedimento protocolar".
Janira foi presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho e Previdência Social no Estado (Sindsprev/RJ), e admitiu, em uma gravação, ter feito uso dos recursos de filiados em favor do PSOL. A denúncia foi feita por dois ex-funcionários de seu gabinete, que a acusam de cobrar de volta parte do salário pago pela Alerj. A prática, chamada por eles de "cotização", ou seja, contribuição em cotas, seria destinada a custear gastos da legenda e fazer caixa para campanha. Quando o caso veio à tona, Janira estava na Alerj. Mas assim que foi convocada para depor na corregedoria pela primeira vez, em 24 de setembro, ela pediu afastamento alegando tratamento de uma úlcera. O prazo para voltar à Casa seria o dia 23 de outubro, e a segunda convocação havia sido marcada para terça-feira passada. Mais uma vez, ela não compareceu e pediu a renovação de sua licença por mais um mês.
A corregedoria propôs, então, ouvir a deputada em casa para dar fim ao processo. Mas o martelo só será batido depois de uma avaliação médica - uma junta médica foi chamada para analisar a saúde da deputada e decidir se ela poderá se manter afastada. Após o depoimento de Janira, o relatório da corregedoria deve ser encaminhado ao Conselho de Ética, do qual fazem parte os corregedores Comte Bittencourt (PPS) e Luiz Paulo Correa da Rocha (PSDB). O relator será indicado pela mesa diretora da Alerj, composta por deputados da base do governador Sérgio Cabral (PMDB) - logo, o provável é que seja nomeado um integrante do grupo da situação. A partir daí, o conselho pode acolher o relatório da corregedoria ou fazer um novo. Ao encerrar os trabalhos do conselho, a decisão vai ao plenário, de maioria governista.
Janira tem pouco apoio dentro da Alerj. Se até os poucos integrantes da oposição devem pedir a cassação (é o caso de Bittencourt e de Correa da Rocha), a postura dos aliados de Cabral é mais do que esperada. O PSOL, sob a liderança de Marcelo Freixo, é uma das principais vozes contra a gestão peemedebista no Estado. Chegar a 2014, ano de eleição, desgastado pela cassação de uma deputada do partido, é um prato cheio para o governo. Para estancar a crise, o PSOL quer que Janira renuncie, mas a deputada ainda não está convencida. Se ela for ouvida nas próximas semanas, a cassação pode acontecer até o fim do ano. Caso consiga protelar o retorno, a decisão ficará para 2014, golpe ainda mais duro para sua legenda.
Leia também na coluna Radar on-line, por Lauro Jardim:
O futuro de Janira Rocha

PSOL quer renúncia de Janira
Generosidade suspeita

Polícia apura se PCC se infiltrou em protesto





Investigações não encontraram provas por ora. Mas Alckmin afirma: 'Nenhuma hipótese está descartada'

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Manifestantes ateiam fogo em ônibus e caminhões na rodovia Fernão Dias, em São Paulo, nesta segunda-feira (28), em protesto contra a morte de um garoto de 17 anos durante operação da polícia
Manifestantes ateiam fogo em ônibus e caminhões na rodovia Fernão Dias, em São Paulo, nesta segunda-feira (28), em protesto contra a morte de um garoto de 17 anos durante operação da polícia - Beto Martins/Futura Press
As ações vistas durante violenta manifestação na segunda-feira, na Zona Norte de São Paulo, levaram a polícia a acreditar na presença de criminosos ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC) nos protestos. Segundo o delegado-geral da Polícia Civil, Maurício Blazeck, porém, ainda não foi encontrada nenhuma prova que ligasse a facção aos ataques. "Estamos investigando com cuidado, para evitar alarmismo", disse.
Segundo o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, "nenhuma hipótese está descartada". Os protestos começaram depois da morte do estudante Douglas Martins Rodrigues por um PM, no domingo. Foram usadas armas para interceptar motoristas de ônibus e caminhão na Rodovia Fernão Dias.
A presença da facção na região do Jaçanã e Vila Maria é conhecida pelos serviços de inteligência da Polícia Militar. Desde junho do ano passado, conflitos e mortes foram vinculados ao PCC, como a queima de um ônibus com dois moradores dentro depois de um suspeito de tráfico morrer durante abordagem policial. De acordo com moradores, somente com a autorização do "sintonia de área" da facção criminosa é possível ocorrer ataques como aqueles vistos na segunda-feira.
Portas abertas - Um dia após o toque de recolher nos bairros Parque Edu Chaves e Jardim Brasil, o clima é de menos medo entre os moradores. Ônibus circularam, e a maioria dos comerciantes decidiu abrir as portas. "Ontem (terça-feira, 29), havia uma ordem para fechar, mas hoje decidimos abrir", afirmou a proprietária de uma loja de sapatos, que retirou todo o estoque do estabelecimento.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação, as escolas funcionaram normalmente na quarta-feira. Mas alguns pais ainda estavam com medo. "Hoje (quarta-feira, 30) eu levei minha filha na aula, mas ela disse que quase ninguém foi", afirmou uma moradora do Jardim Brasil, que preferiu não se identificar.
Houve ainda quem tentasse se recuperar dos ataques de segunda-feira. O proprietário da loja Lakau, que teve dois estabelecimentos saqueados no domingo e na segunda, acompanhava a reforma da porta da loja, na Avenida Edu Chaves. "Estou trocando portas e colocando barras de proteção. Tive metade das mercadorias furtada. Ainda não consegui contabilizar o prejuízo total", disse Zelito Alves, de 55 anos.
Ele afirmou que só abrirá as portas quando tiver mais segurança. "Estou pensando em fechar a Lakau da Avenida Roland Garros (que também foi saqueada). A loja existe há 26 anos e já foi assaltada 25 vezes. Estou muito desanimado."
Policiamento - Muitas viaturas e motos da Polícia Militar ainda circulavam pela região nesta quarta-feira. Segundo moradores, ainda havia boatos de novos ataques. "Por enquanto, parece só boato, mas a gente nunca sabe", disse uma moradora do Jardim Brasil.


(Com Estadão Conteúdo)

Aécio rebate Lula e diz que ex-presidente tem medo de que Dilma não seja reeleita





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GABRIELA GUERREIRO
DE BRASÍLIA
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Atualizado às 14h46.
Em resposta aos ataques do ex-presidente Lula à política econômica do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o senador Aécio Neves (PSDB-MG) disse nesta quinta-feira (31) que o petista criou uma "sombra" sobre a presidente Dilma Rousseff porque teme que ela não seja reeleita para o Palácio do Planalto.
Aécio afirmou que Lula e o PT estão "aflitos e ansiosos" porque não têm certeza da vitória de Dilma em 2014. "Mesmo sem querer, ele [Lula] vai criando uma sombra sobre ela [Dilma]. O que eu vejo é o PT hoje muito ansioso, aflito, duvidando das condições da presidente da República, que eu acho que não são boas. Alguém para disputar a reeleição deveria estar numa condição muito melhor do que ela está", afirmou.
O tucano, que é possível adversário de Dilma nas eleições presidências do ano que vem, disse que Lula "não está seguro das possibilidades de sua candidata" em um momento em que "mais de 60% dos eleitores brasileiros dizem não querer votar numa candidatura do PT".
Aécio afirmou que o PT vive "inseguranças internas" diante da disputa Lula versus Dilma dentro do partido --com a defesa de segmentos do PT de que Lula dispute o Palácio do Planalto, caso o nome de Dilma não tenha hegemonia sobre os demais candidatos. "São questões que eles terão que resolver internamente. Se alguém tem hoje um conflito interno, é o PT."
Lula criticou ontem a ex-aliada Marina Silva por ela ter reconhecido a contribuição do governo Fernando Henrique Cardoso para a estabilidade econômica do país. Em evento que comemorou os dez anos do programa Bolsa Família na quarta-feira (30), Lula também afirmou que Marina precisa parar de aceitar "lições" erradas sobre o tema.

Aécio Neves

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George Gianni/Divulgação/PSDB
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Aécio Neves participou de encontro com mais de 300 lideranças e militantes do PSDB do Distrito Federal, em Brasília
Ex-ministra do Meio Ambiente do governo Lula, a ex-senadora tem criticado a política econômica da presidente Dilma Rousseff e afirmou no início da semana que era preciso dar crédito a FHC e aos tucanos pelas conquistas econômicas do país, "para não fazer injustiça". Para Aécio, o que Marina Silva fez foi registrar o que "efetivamente ocorreu na realidade do Brasil". "Essas últimas aparições e falas do presidente não é de quem está sereno, confiante. Não há como brigar com a realidade", disparou o tucano.
Segundo o senador, a estabilidade econômica implantada no governo FHC foi "pré-condição fundamental" para Lula governar. "Não houvesse governo do presidente FHC com a estabilidade econômica, não teria sequer havido o governo do presidente Lula."
Em um ataque direto a Dilma, Aécio disse que a petista deixará duas marcas principais do seu governo: a ineficiência e os desvios éticos. "Veja o ex-presidente e a presidente, que tem agenda de candidata. Os brasileiros pagaram um ato de campanha eleitoral no ato de comemoração dos dez anos do Bolsa Família. Nada ali é de governo, mas às custas do governo. O governo do PT e a própria presidente da República continua tento enorme dificuldade em separar o que é público do que é privado, o que é publico, partidário do que é privado."
PALANQUE
Aécio participou nesta quinta de evento, organizado pelo PSDB do Distrito Federal, para conversar com pré-candidatos e filiados à sigla. Em sucessivos discursos antes da chegada do senador, pré-candidatos ao governo do DF e à Câmara dos Deputados fizeram ataques ao PT, à presidente Dilma Rousseff e ao governador Agnelo Queiroz (PT-DF).
O tucano disse aos correligionários que o PSDB tem o "ato de responsabilidade de encerrar o ciclo do PT que tão mal tem feito ao país". Também afirmou que a disposição do PSDB não é discutir "legados", mas construir o "futuro do país".
Presidente do PSDB, o senador foi cercado pelos militantes para tirar fotos --muitos deles, futuros candidatos do partido em 2014. "Ao PSDB, não é uma opção, uma possibilidade, apresentar um projeto. É nossa obrigação. É esse o PSDB que deve ser apresentar renovado na disposição de não permitirmos que conquistas iniciadas em nosso governo sejam colocadas em risco", disse Aécio, que fez um balanço de sua atuação como governador de Minas Gerais, especialmente na área da educação.
O governador de Goiás, Marconi Perillo, também participa do ato político --realizado numa casa de festas de Brasília. Perillo prometeu entrar de "corpo e alma" na campanha de Aécio ao Planalto. "Estou nessa história para defender intransigentemente sua candidatura, sua proposta de governo, que será ousada, com os pés no chão, capaz de fazer mudança que muitos não conseguiram fazer", afirmou o governador.
O ataque mais duro ao PT veio do ex-deputado distrital Raimundo Ribeiro, que acusou o partido de Dilma de formar uma "quadrilha" no governo federal. "O que está comprovado é que o PT é que não sabe governar. O que eles sabem fazer muito é falcatrua. Temos obrigação de tirar essa quadrilha que está aí saqueando os cofres públicos e tentando garantir a impunidade até mesmo com o aparelhamento da máquina, inclusive do Judiciário."
Dois deputados federais se colocam como pré-candidatos ao governo do DF, pelo PSDB, com o objetivo de garantir palanque a Aécio: Luiz Pittmann e Izalci Lopes. O partido ainda não definiu qual será o seu candidato ao governo do Distrito Federal.

Embaixadora tentou favorecer filha de político que decidiria sobre a Vale






Leda Lúcia Camargo comandava a Embaixada do Brasil em Moçambique quando pediu, em 2004, que fosse 'considerada com especial atenção' candidatura de estudante ao PEC-G
31 de outubro de 2013 | 9h 47

Amanda Rossi - Especial para o Estado


A embaixadora brasileira Leda Lucia Camargo tentou favorecer a candidatura da filha de um político de Moçambique para o Programa de Estudantes-Convênio de Graduação (PEC-G), que oferece vagas para estrangeiros no Brasil, em 2004. Segundo a diplomata, o político era um dos "mais importantes integrantes" do grupo que decidiria naquele ano se a Vale do Rio Doce receberia concessão para explorar o carvão de Moatize, no norte do país.

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Reprodução
Telegrama da embaixadora

"Tomo a liberdade de recomendar que seja considerada com especial atenção a candidatura da estudante (4ª colocada com alta média entre 33 candidatos) ao curso de Estilismo e Moda da Universidade de Londrina. A estudante é filha de Sérgio Vieira, alta autoridade do núcleo político do governo moçambicano, um dos mais importantes integrantes do grupo que decidirá sobre as minas de Moatize", escreveu em telegrama confidencial e urgente enviado para o Itamaraty em 21 de julho de 2004.

Apesar do pedido, a estudante não foi aceita. A Vale ganhou o direito de explorar o carvão moçambicano em novembro de 2004. Leda Camargo foi a embaixadora do Brasil em Maputo entre 2004 e 2007 e hoje comanda a Embaixada na Suécia.

O PEC-G é o maior programa de cooperação educacional do Brasil, desenvolvido pelo Itamaraty e pelo Ministério da Educação (MEC). Estão cadastradas 97 instituições de ensino superior, entre elas USP, Unicamp, UnB e UFRJ. De 2000 a 2013, foram beneficiados 7.600 estudantes da África e América Latina. A escolha é feita em duas etapas. Primeiro, as embaixadas brasileiras fazem uma pré-seleção. Em 2004, a Embaixada do Brasil em Moçambique selecionou 33 nomes, entre eles o da estudante citada no telegrama. Já a seleção final é feita em Brasília pelo MEC. Nesta fase, a garota não foi incluída entre os 20 selecionados.

Negativa. O Itamaraty e a embaixadora Leda Camargo disseram que não podem comentar o teor do telegrama porque ele está classificado como "secreto", ou seja, com grau de sigilo de 15 anos – até 2019. Originalmente, o grau de sigilo era "confidencial" - 10 anos. Em abril de 2012, um mês antes da entrada em vigor do decreto que regulamentou a Lei de Acesso à Informação, o Itamaraty ampliou o prazo de sigilo do telegrama.

Em nota, a Vale afirmou que não tem nenhuma relação com os temas apresentados.

Já Sérgio Vieira nega ter sinalizado para Leda Camargo que a decisão de Moatize poderia ser influenciada pela escolha de sua filha para universidade brasileira. "Jamais me passaria pela cabeça uma tal tentativa nojenta de corrupção. A Vale obteve a concessão porque ganhou num concurso em que participaram várias transnacionais". Ele diz que não fez parte do júri que tomou a decisão.

Vieira é um quadro histórico da Frelimo, partido que lutou pela independência e segue no poder. Muito respeitado em Moçambique, ele deixou o governo em 2012 e tem feito críticas ao reassentamento de famílias que viviam na região hoje explorada pela Vale. "Movimenta-se pessoas como mercadorias e no mero interesse do chamado investidor. O que lhes dá em troca? Uma casa a dezenas de quilômetros quando nunca pediram uma nova casa?", afirmou em evento em Maputo, em maio.

A embaixadora Leda Camargo, apesar de considerada no Itamaraty como uma boa negociadora, é uma figura polêmica. Em 2005, a imprensa moçambicana publicou supostas declarações suas de que seu cachorro era mais limpo que os moçambicanos. A frase teria sido dita após Leda ser impedida de entrar com o animal em um shopping de Maputo, capital do país. A embaixadora nega o caso.

Vale. No telegrama de julho de 2004 para o Itamaraty, Leda Camargo ainda dá informações sobre o processo de escolha da mineradora de carvão. "Vieira disse que a CVRD [Companhia Vale do Rio Doce] não deve esquecer que tem 3 concorrentes de peso e que a vencedora certamente será a empresa que estiver mais atenta aos interesses moçambicanos". Para o Estado, Vieira disse que os interesses eram "não ficarmos com os buracos e eles com tudo de riqueza. Infelizmente já surgiram vários conflitos com a Vale, populações sentem-se espoliadas".

O telegrama continua: "Embora o governo local deseje ver vencedora a companhia brasileira, esse sentimento se deve não a uma preferência específica pela Vale, mas por querer atender ao interesse manifestado nesse sentido pelo presidente Lula". No ano anterior, durante a primeira viagem de Luiz Inácio Lula da Silva à África, o então presidente havia se pronunciado a favor da empresa brasileira.

"Necessitamos de projetos de grande envergadura, que sirvam de âncora ao nosso relacionamento econômico. Por isso tenho procurado apoiar o interesse de algumas empresas e, sobretudo, da Vale do Rio Doce na exploração de carvão de Moatize", discursou Lula.

A participação do governo brasileiro nas negociações para a exploração do carvão de Moçambique começou em 1980 e envolveu praticamente todos os presidentes de João Figueiredo a Lula. Em 1981, a Companhia Brasileira de Recursos Minerais começou a fazer pesquisa geológica no país. Em 1989, com José Sarney, a Vale – ainda estatal – assinou acordo para fazer um estudo de viabilidade baseado no modelo de Carajás, no Pará.

Em 2000, após a privatização da Vale, Fernando Henrique Cardoso visitou Moçambique e o carvão voltou à baila. "As negociações estão avançando. Elas se desenvolvem a partir do impulso inicial dado pela visita a Maputo do Presidente Fernando Henrique Cardoso", escreveu em telegrama de fevereiro de 2001 o então embaixador Hélder Martins de Moraes. Ao longo de 2002, a Vale firmou seu interesse no projeto. Com a entrada de Lula, em 2003, as conversas avançaram.

Em 2004, depois de mais de 24 anos de negociações, o Brasil ganhou concessão para explorar o carvão moçambicano. "A Vale apresentou um projeto, que teve apoio do governo brasileiro. Certamente o apoio e a presença do governo brasileiro foram um diferencial para nós. Tem sido e acho que vai permanecer sendo importante", disse Ricardo Saad, diretor de projetos da Vale para África, Ásia e Austrália, em entrevista realizada em abril deste ano.

Snowden tem um novo emprego na Rússia





MOSCOU – O ex-prestador de serviço da Agência de Segurança Nacional dos EUA (NSA) Edward Snowden terá um novo emprego na Rússia, onde está asilado. Ele foi contratado por um site russo para começar a trabalhar em novembro, disse nesta quinta-feira, 31, o advogado dele, Anatoly Kucherena, citado pela agência de notícias estatal russa RIA.
Snowden recebeu asilo no país após divulgar documentos secretos mostrando o monitoramento dos EUA de comunicações telefônicas e digitais de milhões de pessoas no mundo todo. O nome do site onde o americano irá trabalhar não foi divulgado “por razões de segurança”.
A localização de Snowden dentro da Rússia não foi revelada e desde julho ele apareceu apenas em algumas fotos e em registros em vídeo de uma reunião que teve neste mês com ex-funcionários de segurança nacional dos EUA que apoiam sua causa. Washington desejava que Snowden fosse repatriado para ser julgado por traição. O asilo, concedido no começo de agosto, poderá ser renovado anualmente.
Segundo Kucherena, Snowden leva uma vida relativamente normal, diante das circunstâncias. Nesta quinta-feira, o site de um tabloide russo publicou uma foto (imagem acima) dizendo ser de Snowden durante um passeio de barco em Moscou. Antes, o mesmo site havia publicado uma foto de um homem que parecia ser Snowden, empurrando um carrinho de supermercado em um estacionamento./REUTERS
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Aécio rebate Lula e diz que petista deve 'parar de brigar com a história'






Tucano defendeu legado de Fernando Henrique Cardoso e ironizou o fato de Lula ter dado continuidade à política econômica do PSDB
31 de outubro de 2013 | 14h 41

ERICH DECAT E DÉBORA ALVARES - Agência Estado


Brasília - O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG), rebateu nesta quinta-feira as declarações do ex-presidente Lula de que no governo de Fernando Henrique Cardoso o País teria quebrado e criado um ambiente de insegurança para os brasileiros. Em resposta, sugeriu que o petista não "brigue" com a história.

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Beto Barata/Estadão

"O presidente Lula tem que parar de brigar com a história. Se não houvesse o governo do Fernando Henrique, com a estabilidade econômica, com a modernização da economia, não teria havido sequer o governo do presidente Lula", afirmou Aécio Neves, que participa hoje de um evento do PSDB do Distrito Federal.

Após evento em comemoração aos dez anos do Bolsa Família realizado na quarta em Brasília, Lula disse a jornalistas que tinha herdado de Fernando Henrique Cardoso um país muito "inseguro " e com nenhuma estabilidade na área econômica.

Para o senador Aécio Neves, potencial candidato à Presidência da República em 2014, as reações de Lula demonstram falta de serenidade. "Essas últimas aparições e falas do presidente Lula não são de quem está sereno, de quem está confiante. Não há como brigar com a realidade", afirmou.

Em tom irônico, o tucano considerou ainda que entre as virtudes do ex-presidente Lula estava a de dar continuidade nos programas sociais criados na gestão FHC e na área econômica. "O presidente Lula teve duas importantes virtudes no seu governo, quando ele dá sequência e amplia os programas sociais e quando, contrariando o discurso de sua campanha, mantém a política macroeconômica do governo anterior, aquilo que nós chamamos de tripé macroeconômico", disse. "Portanto é uma bobagem. Ele esqueceu o que vem antes dele. Acho que é uma demonstração de fragilidade e de grande incoerência", acrescentou.

Campanha. Em um segundo momento, Aécio também focou suas críticas à presidente Dilma Rousseff. Para Aécio, a presidente fez um ato de campanha ao realizar ontem o evento dos dez anos do Bolsa Família. "A presidente não tem uma agenda de presidente, tem uma agenda de candidata. Os brasileiros pagaram, porque foi feito com dinheiro público, um ato de campanha eleitoral. Nada havia ali de governo, mas ao custo do governo", afirmou.

Para o tucano, os atos realizados pela presidente também demonstram "ansiedade" por parte do PT em relação à campanha presidencial de 2014. "Vejo o PT hoje muito ansioso e aflito duvidando das condições da presidente da República, que acho que não são boas. Se alguém tem hoje efetivamente um conflito interno é o PT", disse o senador. (Erich Decat e Débora Alvares)