sexta-feira, 18 de outubro de 2013

A MORTE DO PROMOTOR DE JUSTIÇA EM PERNAMBUCO: Buscas por suposto mandante do assassinato de promotor continuam



Publicação: 17/10/2013 19:07 Atualização:

As buscas pelo principal suspeito de ser mandante do assassinato do promotor de Justiça Thiago Faria Soares, de 36 anos, na última segunda-feira (14), continuam. A força-tarefa montada pelas polícias civil e militar em busca de José Maria Pedro Rosendo Barbosa fez uma varredura, ao longo desta quinta-feira (17), nas cidades da região. Até mesmo a área da Fazenda Nova, em Águas Belas, apontada como mote para o crime, foi vistoriada. Segundo a polícia, ainda há informações que indicam a fuga do fazendeiro para Alagoas. 

A delegada Josineide Confessor, do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), designada para as investigações já voltou ao Recife. As diligências continuam sob os cuidados de Joselito Kehrle. Entre as cidades visitadas por equipes da polícia nesta quinta está Caruaru, Arcoverde e municípios circunvizinhos do Sertão e Agreste. Segundo a polícia, em Itaíba, as diligências já foram encerradas.

O terceiro elemento do crime, o motorista que dirigia o carro em que Edmacy Cruz estava para matar o promotor, ainda não foi identificado. No entanto, cartazes com a foto de José Maria foram espalhados pelo interior. 

Até a tarde desta quinta, somente Edmacy Cruz foi detido. O homem é apontado como executor, mas alega inocência e diz que vai provar. Ele foi encaminhado nesta madrugada para o Centro de Observação Criminológica e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), em Abreu e Lima.

Edmacy Cruz Ubirajara foi capturado por força de um mandado de prisão temporária ao se apresentar espontaneamente na Delegacia de Águas Belas, no Agreste, na terça-feira (15). O homem é suspeito de participação em vários crimes, inclusive roubo, razão do mandado. Ele foi reconhecido até mesmo pela noiva da vítima, Mysheva Martins, principal testemunha do crime e prima do prefeito de Itaíba.

Recompensa
Segundo o secretário de Defesa Social de Pernambuco, Wilson Damázio, a reconstituição simulada do crime deverá acontecer nos próximos dias e, caso o principal suspeito de ser mandante do assassinato, o fazendeiro José Maria, não seja preso nesta quinta, o Disque-Denúncia poderá oferecer recompensa por informações.

Entenda o caso
Thiago Faria Soares, de 36 anos, foi encontrado morto com pelo menos quatro tiros de espingarda calibre 12, em seu carro, um Hyundai, no Km 15 da PE-300, a caminho do Fórum de Itaíba, onde trabalhava. Ele estaria no veículo com a noiva e Adautivo Martins, tio dela. Dois homens ocupando um Corsa trancaram o veículo do promotor e fizeram os primeiros disparos. Em seguida, voltaram e executaram Thiago Faria com tiros no rosto e no pescoço. Os Martins escaparam ilesos da emboscada.

Segundo a polícia, o crime teria sido motivado por uma disputa por terras. A Fazenda Nova, onde o promotor vivia com a noiva, tem uma fonte de água mineral que renderia cerca de R$ 1 milhão por ano. A área foi adquirida em leilão por Mysheva Martins em outubro passado, quando ela e o noivo nem se conheciam. Na ocasião, a mulher desembolsou R$ 100 mil pela propriedade. No entanto, o posseiro da terra, José Maria, recusou-se a deixar a área.

Thiago Faria assumiu o cargo de promotor em dezembro passado em meio ao cenário de embate pela terra. Mas a disputa havia começado há sete anos, quando Maria das Dores Ubirajara, dona das terras, morreu. Ela não tinha filhos e era tia da esposa de José Maria. Ao morrer, deixou a área para 10 herdeiros, incluindo a esposa de José Maria. Depois da aquisição das terras por Mysheva, o posseiro chegou a questionar a validade do leilão na Justiça, mas perdeu a causa.

Em junho deste ano, foi obrigado a deixar o lugar por força de uma imissão de posse em favor da advogada, na qual o promotor teria atuado nos bastidores. De acordo com as investigações, ele também teria pedido ajuda do tio da noiva, Claudiano Martins, para negociar a saída de José Maria das terras. Ainda segundo a polícia, o promotor assassinado também teria denunciado José Maria por crime ambiental na fazenda.

Antes de morrer, Thiago Faria chegou procurou a corregedoria do Ministério Público de Pernambuco para informar que estava sendo ameaçado. O promotor estava em período probatório e a corregedoria fez uma inspeção na comarca e descobriu que havia cerca de 15 processo nos quais ele alegava suspeição pelo fato de envolver interesses de parentes da noiva. Por esses motivos, o promotor seria relocado para Jupi.

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