quarta-feira, 26 de junho de 2013

Rocinha e Vidigal marcharam em paz até o Leblon por saneamento e saúde




Ato das duas comunidades terminou pacificamente em via de bairro nobre. 
Avenidas Niemeyer e Delfim Moreira ficaram fechadas por três horas.

Luís BulcãoDo G1 Rio
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No Leblon, manifestantes da Rocinha e do Vidigal pedem saúde e saneamento.  (Foto: Luís Bulcão/G1)No Leblon, manifestantes da Rocinha e do Vidigal pedem saúde e saneamento. (Foto: Luís Bulcão/G1)
O passo da marcha que tomou conta da Avenida Niemeyer, que liga o bairro de São Conrado ao Leblon, na Zona Sul do Rio, foi mais veloz do que o das manifestações ocorridas no centro da cidade. Carregando bandeiras, cartazes e faixas, cerca de 500 manifestantes da Rocinha percorreram o trecho da via até a comunidade do Vidigal em poucos minutos. Foram recebidos com entusiasmo pelos moradores da comunidade vizinha. Saneamento e saúde foram os principais gritos ouvidos.
Juntos, os manifestantes das duas comunidades desceram a pista da Niemeyer até a orla do Leblon. A demonstração foi pacífica e coordenada através de negociações entre o comandante do 23º Batalhão de Polícia Militar (Leblon) e os organizadores da passeata. Após protestar por cerca de uma hora na esquina onde fica a residência do governador Sérgio Cabral, os manifestantes decidiram seguir de volta às comunidades.
“Já somos tão marginalizados que queremos mostrar que podemos fazer uma manifestação pacífica, com educação, e ajudar a acabar com esse preconceito”, disse Érica Santos, uma das organizadoras da manifestação. Moradora da Rocinha e estudante de administração, Érica afirmou que o objetivo do ato era reivindicar as obras anunciadas na comunidade.
“Já querem implementar o PAC 2, mas as obras do PAC 1 ainda não estão prontas. Querem colocar teleférico e escada rolante, mas de que adianta? Tem lugar com esgoto a céu aberto na Rocinha”, contestou a jovem de 21 anos.
Manifestantes pedem saneamento para a Rocinha (Foto: Luís Bulcão/G1)Manifestantes pedem saneamento para a Rocinha
(Foto: Luís Bulcão/G1)
José Martins de Oliveira, de 66 anos, membro do grupo Rocinha Sem Fronteiras, também defendeu o saneamento na comunidade. “Sou morador da Rocinha há 47 anos. Está na hora de executarem as obras de saneamento na comunidade”, disse.
Outra pauta forte da manifestação foram os investimentos em saúde na comunidade. O estudante de Design Denis Neves, de 25 anos, reclamou do atendimento médico na Rocinha. “Fizeram uma UPA, mas demora de cinco a 12 horas para ser atendido”, criticou.
Já o educador Leandro Urso fez críticas aos planos de habitação para a Rocinha. “Fizeram um mapeamento da comunidade e decidiram sem consultar os moradores. Serão 400 moradias construídas e 2,7 mil remoções”, acusou.
Alguns organizadores da passeata tentaram desvincular o protesto de associações de moradores locais ou de pessoas ligadas a políticos atuantes na comunidade com o receio de que a manifestação fosse utilizada futuramente para fins eleitorais.
A Avenida Niemeyer e parte da Avenida Delfim Neto ficaram bloqueadas para trânsito de veículos por cerca de três horas. Foi o único transtorno registrado durante a manifestação. Apesar do receio de comerciantes de São Conrado e do Leblon, que fecharam as portas e protegeram janelas com tapumes, não houve atos de vandalismo.
Obras do PAC 2, anunciadas recentemente pela presidente Dilma Rousseff foram contestadas em manifestação. (Foto: Luís Bulcão/G1)Obras do PAC 2, anunciadas recentemente pela presidente Dilma Rousseff, com investimentos de R$ 1,6 bilhão, foram contestadas em manifestação. (Foto: Luís Bulcão/G1)

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