quinta-feira, 25 de abril de 2013

Eduardo Campos diz a senadores que crise no Brasil é questão de tempo



Para governador, centralização excessiva de Dilma emperra o país
Maria Lima
BRASÍLIA -  Se houve um certo desconforto no almoço com apenas seis dos 12 senadores do bloco governista União e Força, o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sentiu-se à vontade no jantar que varou a madrugada com 14 senadores do PMDB, DEM, PDT e até do PSDB na casa do senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE), anteontem. Numa exposição de cerca de uma hora e, depois, em conversas que só terminaram às 3h da manhã de ontem, ele disse que a gestão centralizadora da presidente Dilma Rousseff está emperrando o país e que é uma questão de tempo o estouro de uma crise maior diante de um cenário internacional em que os investimentos estão voltando aos Estados Unidos.
Usando imagem feita pelo senador Jayme Campos (DEM-MT) em relação à sua determinação de bater chapa com Dilma em 2014, Eduardo Campos deixou muito claro que seu carro não tem mais marcha a ré.
- Há um mundo moderno lá fora. O Brasil passou de bola da vez para o descrédito. A presidente Dilma foi eleita como uma grande especialista em gestão, principalmente na área energética. Ela acha que tem credibilidade, mas na prática faz uma administração extremamente centralizadora e o governo não anda. Vai emperrar. Faz uma política econômica equivocada e isso vai estourar. Só não sei se vai estourar este ano ou em 2014 - avaliou Campos, segundo relatos detalhados pelos presentes.
Os senadores saíram impressionados com a segurança com que Eduardo Campos discorreu sobre temas que foram dos riscos do aparelhamento do Estado pelo PT, principalmente agências reguladoras, ao perfil "truculento" de Dilma e do PT para esvaziar pré-candidaturas adversárias, inclusive nos palanques estaduais. O PSB vai costurar esses palanques até setembro, quando deve reunir seu Diretório Nacional para oficializar ou não a decisão de candidatura presidencial e, se for o caso, entregar os cargos do governo.
Campos ainda criticou a proposta do governo de reduzir o esforço fiscal este ano e em 2014, como proposto na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) enviada esta semana ao Congresso. O governador disse que faria diferente:
- Se precisasse mexer na fórmula de cálculo do superávit, diria de forma transparente que era preciso fazer isso para manter os investimentos. O recurso da maquiagem não é bom. O governo pegou U$ 100 bilhões lá fora e foi para onde? Distribuiu aqui e ali em investimentos de retorno incerto em empresas como a JBS, Marfrig e outras. E na hora de pagar esses empréstimos, o cenário internacional é complicado.
Segundo senadores presentes, o único momento em que o socialista se exaltou e ficou emocionado foi quando relatou as ações do PT e de governistas para esvaziar suas articulações políticas e candidaturas adversárias. Mais do que indignado, um dos senadores disse que Campos está surpreso com o comportamento da presidente Dilma e da cúpula do PT.
Fui criado numa casa onde meu avô (Miguel Arraes), com a metralhadora no peito, não fez acordo. Não vão me intimidar - avisou.
Sobre as chances de uma candidatura vitoriosa, ele avaliou que tem sido muito bem recebido por vários setores, do político ao empresarial, mas que precisa construir apoios de partidos que lhe garantam pelo menos quatro minutos de tempo de TV, para brigar com os 20 minutos de Dilma.
- A ultima campanha, de 2010, teve um debate pobre, sem propostas para avançar o país. Dilma foi apresentada como a mulher do Lula e o grande debate foi sobre aborto. Agora pode ser diferente - avaliou, segundo os relatos.
No mapa de palanques que começa a desenhar, Campos não desistiu de ver o ex-governador José Serra como candidato ao governo em suas fileiras. Sobre a pré-candidatura de Aécio Neves (PSDB-MG), elogiou muito o potencial do provável adversário, mas acha que ele pode ser prejudicado por um fator: O PT já aprendeu a derrotar o PSDB.
- O Aécio é o melhor candidato. Jovem, articulado. Tem dificuldades com Serra. Azar do Aécio e sorte minha - brincou.
Os senadores Luiz Henrique e Casildo Maldaner, do PMDB de Santa Catarina, que tinham encontro na mesma noite com a ministra Ideli Salvatti e eram dúvida no jantar, compareceram.

Coluna do Claudio Humberto

Nenhum comentário:

Postar um comentário