quarta-feira, 27 de março de 2013

Se quiser mostrar serviço, presidente da Câmara terá de centrar fogo em aliados



Linha de tiro – Imagine um parlamento que já teve, nos áureos tempos, políticos do naipe de Paulo Brossard e Célio Borja, ser comandado por pessoas como Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves. Pode-se afirmar sem meso que é muito cargo para pouco ocupante.
Ainda sem mostrar as razões que o levaram à presidência da Câmara dos Deputados, o peemedebista potiguar Henrique Eduardo Alves resolveu jogar areia no ventilador para encobrir as denúncias que o alcançavam antes da eleição da Mesa Diretora da Casa legislativa.
Para confundir a opinião pública, desviando o foco da imprensa, Alves disse que a polêmica envolvendo o deputado-pastor Marco Feliciano, eleito para presidir a Comissão de Direitos Humanos, seria solucionada no máximo até esta terça-feira (26). Que os adversários falem o que quiser, mas o presidente da Câmara dos Deputados mostrou que é homem de palavra. O PSC, que não sonhava com tamanha vitrine política, decidiu manter Feliciano no cargo.
Caso queira mostrar serviço de agora em diante, respeitando o ordenamento jurídico do País e atendendo os anseios da sociedade, Henrique Eduardo Alves terá de centra suas ações na Comissão de Finanças e Tributação (CFT) e no Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Câmara. Para presidir a CFT foi eleito o deputado federal João Magalhães, do PMDB de Minas Gerais, flagrado pela Operação João de Barro, da Polícia Federal, em esquema de venda de emendas parlamentares e réu em ação penal que tramita no Supremo Tribunal Federal.
No Conselho de Ética, o favorito para assumir o comando do colegiado, no vácuo de um acordo alinhavado por Henrique Eduardo Alves, é o deputado Marcos Rogério (PDT-RO), acusado de repassar verba parlamentar a empresa ligada a dois funcionários do seu gabinete. O pedetista pagou R$ 44,4 mil à produtora de Márcio Bortolotti, cujos irmãos Marcos e Rosilene estão lotados no seu gabinete.
A desfaçatez de Marcos Rogério é tamanha, que o parlamentar disse que só trataria do assunto após a aprovação do seu nome para a presidência do Conselho, responsável pela avaliação da conduta dos deputados.
Como nem tudo é perfeito nessa louca Terra de Macunaíma, o adversário de Marcos Rogério na disputa pela presidência do Conselho de Ética é o deputado Ricardo Izar Júnior, que se elegeu pelo capítulo paulista do Partido Verde e migrou para o PSD de Gilberto Kassab. Izar Júnior chegou à Câmara dos Deputados trilhando o espólio político do pai, Ricardo Izar, que na presidência do Conselho de Ética fez o impossível para blindar o finado José Janene (PP-PR), o xeique do Mensalão do PT.
Mesmo assim, há quem garanta que o Brasil continua exibindo na janela do imaginário uma faixa com uma inscrição conhecida e já carcomida pelo tempo: “País do futuro”. Se o futuro for o reflexo do presente, que parem o mundo porque há um punhado de brasileiros querendo descer.
  

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