quarta-feira, 28 de novembro de 2012

A ameaça totalitária


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Se o cenário é tão favorável ao PT e à sua aliança, por que a aposta num modelo totalitário? (Fonte: Reprodução/ptcuritiba.org)
POLÍTICA


Censura à imprensa, aparelhamento do Judiciário e submissão do Ministério Público são objetivos da facção totalitária do PT

por Altamir Tojal
fonte | A A A
Pode parecer exagero ou piada de salão falar em ameaça totalitária no Brasil, mas vale prestar atenção a esse processo: censura à imprensa, aparelhamento do Judiciário e submissão do Ministério Público são objetivos da facção totalitária do PT e seus aliados na política e na economia.
O marqueteiro João Santana venceu seis das sete campanhas presidenciais que fez. E muitas outras eleições. Fala de cadeira, portanto. Garante que Dilma será reeleita em 2014 no primeiro turno. Se fossem candidatos de oposição, Aécio Neves e Eduardo Campos não teriam, somados, 10% dos votos. Lula é imbatível. Se quiser, pega o governo de São Paulo em 2014. Haddad tem tudo para ser presidente da República em 2022 ou 2026. Isso está na Folha de S.Paulo do dia 26.
Se o cenário, dentro do jogo democrático, é tão favorável ao PT e à sua aliança, por que a aposta num modelo totalitário, com censura à imprensa e controle do Judiciário e do Ministério Público, mesmo já tendo aparelhado amplamente a máquina do governo e as estatais, aliciado a maioria dos partidos e dos membros do Congresso Nacional, ampliado a presença em governos estaduais e municipais, bem como a base de apoio nos sindicatos, além de ter domesticado movimentos sociais e formadores de opinião na universidade e no meio artístico? Aparentemente não faz sentido.
Apesar das suspeitas, não se pode afirmar que todo o PT é totalitário. Totalitária é a facção convencida de que democracia e capitalismo são sinônimos. Logo, derrotar a democracia é acabar com o capitalismo. Parece simplória, mas a tese é essa.
Essa facção é engordada por militantes que não têm qualquer compromisso ideológico. É gente mais simples, cujo objetivo é não largar o osso. Querem continuar no poder por diferentes razões terrestres: desde o medo de perder um bom emprego até a vontade de continuar roubando num cargo qualquer.
É claro que o desejo de toda essa gente – dessa gorda facção totalitária – de se perpetuar no poder, é o mesmo das oligarquias políticas que dão sustentação ao governo. E é a vontade também do imenso complexo financeiro-empresarial, que suga o estado para lucrar, acumular capital e ganhar mercado. São bancos, empreiteiras, indústrias, agronegócios e redes de comércio que patrocinam quem quer que esteja no poder para levar vantagem sobre a concorrência.
Esse pessoal não está nem um pouco preocupado com os efeitos práticos da fúria anticapitalista dos intelectuais da facção totalitária. Confiam no próprio taco e sabem ganhar mesmo nas ditaduras mais cruéis. E dão lastro a qualquer projeto que assegure suas vantagens e privilégios.
O plano de censurar a imprensa está em curso há muito tempo disfarçado de “controle social da mídia” e “lei dos meios”. Enquanto não acontece, aumenta a cada dia a influência do governo sobre veículos que se submetem à pressão econômica e se multiplicam os blogueiros de aluguel. E cresce também a chantagem contra jornalistas que não aceitam o controle.
As metas de dominar o judiciário e o ministério público também são antigas, mas ganharam caráter emergencial com o julgamento do Mensalão.
Os governos do PT nomearam oito ministros do STF, mas somente dois atuaram estritamente como quadros partidários durante o julgamento: Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli. Isso acendeu o sinal vermelho na facção totalitária, que agora quer pressa no aparelhamento do Supremo e demais tribunais.
A lógica da facção com relação ao Ministério Público é semelhante. As nomeações para o comando da instituição passam pelo Executivo e o Senado – como as dos ministros do STF – e o PT contou com a simpatia e a ajuda de muitos membros da corporação em sua escalada ao poder. Mas isso não garantiu a submissão ao partido e a maior prova é a independência do procurador Roberto Gurgel.
Como os procuradores, também muitos juizes e jornalistas, bem como policiais federais e profissionais de diferentes carreiras públicas e privadas apoiaram o projeto original do PT até ficar claro o descompromisso de seus dirigentes ao chegarem ao poder. Passaram então a não aceitar o domínio do partido.
Ao contrário de países vizinhos, como Venezuela e Argentina, algumas instituições conseguem resistir no Brasil com certa autonomia, como parece ser o caso do Judiciário, do Ministério Público e de parte da imprensa, bem como de algumas outras corporações e setores.
Aniquilar essa resistência passa assim a ser a grande causa das mentes totalitárias que estão no poder, porque mesmo vencendo eleições não asseguram o domínio total sobre tudo e todos para sempre. Aí passa a fazer sentido ser totalitário mesmo num cenário eleitoral favorável. Para essa turma, a democracia atrapalha e tem de ser eliminada.
E o anticapitalismo? Parece que a essa altura do campeonato a facção prefere deixar como está. Se a China consegue ser capitalista e totalitária, porque o Brasil não vai conseguir?
Nota: Aparelhamento é a ocupação de uma organização por um grupo, que a invade controlando postos estratégicos, com a finalidade de usá-la para seus objetivos particulares. O livro A Elite Dirigente do Governo Lula, de 2009, informa que dos funcionários públicos federais mais bem pagos, 45% são ativistas sindicais e, entre eles, 82% são filiados ao PT.
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