quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Polícia tem, na Rocinha, a prova de fogo das UPPs da zona sul do Rio



Unidade com 700 policiais tenta garantir segurança à favela de 70.000 moradores. No período de ocupação policial, 12 pessoas foram mortas naquela região

Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
O governo do Estado do Rio de Janeiro, realizou na manhã desta quinta-feira a inauguração de mais uma Unidade Pacificadora de Polícia na comunidade da Rocinha
O governo do Estado do Rio de Janeiro, realizou na manhã desta quinta-feira a inauguração de mais uma Unidade Pacificadora de Polícia na comunidade da Rocinha - Antonio Lacerda/EFE
Uma cerimônia na manhã desta quinta-feira marcou a inauguração de uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) na Rocinha, a maior favela da zona sul do Rio de Janeiro. As ruas e vielas da área onde hoje vivem cerca de 70.000 habitantes serão patrulhadas por 700 policiais, divididos em oito unidades posicionadas em contêineres na favela. A exemplo do que ocorre nos complexos do Alemão e da Penha, na Rocinha a polícia ainda enfrenta a resistência do tráfico de drogas, e repetidos episódios dão a certeza de que, nesses locais, os bandidos não estão dispostos a abrir mão do território que exploraram por décadas. Desde a ocupação policial para a criação da UPP, em novembro de 2011, 12 pessoas foram assassinadas na Rocinha, entre elas dois policiais militares, um deles morto por um jovem de 18 anos. Durante a inauguração, o secretário de segurança pública do Rio, José Mariano Beltrame, afirmou que “a pacificação é um trabalho que não termina”.
“Nunca vamos poder dizer definitivamente que tudo está em paz. A pacificação, em qualquer lugar do mundo, tem que ter vigilância, acompanhamento e a busca de entrosamento com a comunidade para que ela se sedimente efetivamente. Ocupar é a parte mais fácil. Sedimentar o processo é que é mais complicado”, admitiu Beltrame.
O governador Sérgio Cabral, em discurso, comparou a ação dos traficantes no Rio à inflação, que corroeu a economia brasileira por décadas. Observado por moradores da favela - que disputavam lugar perto do palco ou se debruçavam nas janelas de suas casas -, Cabral afirmou que a polícia vai ficar para sempre na Rocinha. Mas, por enquanto, como se viu na cerimônia, a UPP ainda não é garantia de segurança: atiradores de elite do Bope, posicionados no alto do Ciep Ayrton Senna da Silva, na Rocinha, reforçaram a segurança do governador.
“Se conversar com um filho meu, ele não tem nenhuma memória do que foi a inflação. Os mais jovens não têm noção da briga do brasileiro contra a inflação. Espero que, no futuro, essas crianças que estão aqui não tenham na memória a presença do poder paralelo nas suas comunidades, nos seus bairros. Esse é um grande sonho”, disse Cabral.
A topografia da Rocinha, com muitos becos e vielas estreitas que impossibilitam a circulação de veículos em boa parte do seu território, exigiu mudanças operacionais para a implantação da UPP. A morte de dois policiais militares assassinados por traficantes quando patrulhavam a pé Rocinha - o cabo Rodrigo Alves Cavalcante, 33 anos, em abril, e o soldado Diego Barbosa Henriques, 24, há uma semana – confirmaram o risco deste tipo de patrulhamento e a necessidade de motocicletas, que serão usadas pelos policiais na favela.
O trabalho da UPP contará ainda com o apoio de imagens captadas por 100 câmeras que serão colocadas em pontos estratégicos da favela. As câmeras ainda não foram instaladas. Na Rocinha os policiais usarão rádios de comunicação com GPS. Com o equipamento, o comando da UPP saberá onde cada grupo de policiais estará.
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