sábado, 15 de setembro de 2012

Olavo e a tempestade



A maioria dos mestres que conheço se caracteriza mais por sua pose que por seu conhecimento ou, quando muito, o seu conhecimento é a extensão dessa pose que, com frequência, se constitui no único indicativo de sua presença entre os homens. Os nossos mestres se ligam antes às instituições que repres
 entam que ao valor daquilo que dizem defender. Por tudo isso Olavo de Carvalho se torna uma completa exceção, quer como filósofo e autor de obras realmente definitivas, - a exemplo de O imbecil coletivoO jardim das aflições eAristóteles em nova perspectiva - quer como professor de filosofia: e uma tal exceção nenhuma universidade, por melhor que fosse, poderia produzir.
Principalmente ao se tratar de alguém que, em suas aulas-conferências, costuma dispensar o uso de quaisquer anotações durante uma exposição oral. E assim aconteceu numa de suas mais recentes aulas, sob a forma de vídeo-conferência, diretamente do endereço onde vive na Virginia, USA, quando ele procurava alinhar, com uma inesgotável paciência, temperada de uma fina argúcia, uma série de argumentos em relação a cada passo das Meditações, de Descartes, demonstrando, ponto por ponto, que as questões levantadas pelo filósofo não poderiam ser respondidas, de modo definitivo, segundo a ótica de seu tempo. Ou esclarecendo melhor: jamais, por extraordinário que tenha sido Descartes, ele poderia visualizar, em todas as consequências, o rumo que elas tomariam no futuro, de acordo com a visão que hoje delas possuímos.

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