quarta-feira, 20 de junho de 2012

SAGA DE UM PATIFE DA LUTA ARMADA


28/09 - Contribuição para a Comissão da Verdade III
 
  Aton Fon Filho - ALN
Matéria pesquisada e produzida pelo site    
www.averdadesufocada.com
"Familiares de vítimas atacam projeto
Júnia Gama -  Alana Rizzo - Correio Braziliense - 20/09/2011 
(...)"O projeto como está é uma farsa, não vai produzir justiça. Se for só para dizer que tivemos uma comissão, é melhor não tê-la", diz o diretor do Sindicato dos Advogados de São Paulo, Aton Fon Filho."(...)
Leia íntegra aqui
Contribuindo com a Comissão da Verdade, conheça um pequeno período da vida de  Aton Fon Filho , com curso em Cuba e ativo participante da luta armada, hoje advogado, ligado à ONGs e preocupado com os direitos humanos dos militantes da luta armada e com a Comissão da Verdade.
Os direitos humanos dos familiares de suas vítimas serão lembrados ?
Marighela recebeu, a partir de julho de 1968, os militantes que haviam sido enviados a Cuba, em 1967, para realizar o treinamento militar. Era o "I Exército da ALN" - como ficou conhecido o grupo -, que retornava para iniciar suas atividades criminosas. Na primeira leva seguiram para CubaAdilson Ferreira da Silva ( Miguel), Aton Fon Filho ( Marcos), Epitácio Remígio de Araújo (Júlio) , Hans Rudolf Jacob Manz ( Juvêncio ou Suíço), José Nonato Mendes ( Pele de Rato ou Pará ),Otávio Ângelo ( Fermim) e Virgílio Gomes da Silva ( Carlos).
A mesma época, iniciou-se o envio de ,mais um grupo de militantes , que reunido em Cuba, realizaria o curso entre março e setembro de 1969.
Apoiado pela chegada do I Exército da ALN  e com intuito de partir direto para a ação e de reafirmar que o comando político emergia da ação , Marighela  partiu para o ataque reforçado pelo grupo que chegara de Cuba, e liderou alguns assaltos e atentados na área de São Paulo, em 1968 . São de autoria do ainda chamado  Agrupamento Comunista de São Paulo - AC/SP- os seguintes assaltos:
- ao banco Comércio e Indústria , Av. São Gabriel, 191, em julho de 1968;
- à agência Bradesco, da Alameda Barros com AV. Angélica;
- ao trem pagador da Estrada de Ferro Santos-Jundiaí, em agosto;
- ao carro pagador da Massey Ferguson, no Alto de Pinheiros, em outubro;
- à indústria "Rochester -Armas e Explosivos", em Mogi das Cruzes ( na Grande São Paulo), no dia 28 de dezembro de 1968;
- á casa de  um colecionador de armas , na Alameda Ribeirão Preto.
- o atentado contra um carro pertencente a um elemento do DOPS de São Paulo, na AV. Marginal ; e
- o atentado a bomba contra a casa de um diretor da Contel.
A esses fatos viria somar-se um estremecimento nas relações da agora denominada Aliança Libertadora Nacional - ALN -, com a VPR, que eram muito intensas. O estremecimento deu-se em razão da ALN , que armazenara parte do armamento roubado do 4º RI para a VPR, haver relutado em devolvê-lo quando solicitado por aquela organização .
 Essas ações e mais o assassinato do capitão Chandler - 12/10/1968 -  pela VPR, que teve grande repercussão no Brasil e no mundo
 provocaram um refluxo temporário nas ações da ALN em São Paulo.
Para sobreviver durante esse período, a organização realizou ações de pequena monta , como assaltos a padarias e supermercados, nos quais Aton Fon Filho  participou juntamente com Vírgilo Gomes da Silva,  chefe de um dos grupos táticos armados - GTA-, Manoel Cyrilo de Oliveira e Takao Amano.
Passado o impacto da repercussão do bárbaro asssassinato do capitão Chandler, na frente da mulher e dos filhos , a ALN recomeçou uma série de ações violentas. A primeira foi o assalto à agência de Suzano da União de Bancos Brasileiros , no dia 7 de maio de 1969. Durante a fuga, os terroristas foram surpreendidos, travando-se intenso tiroteio com a polícia, com o saldo de quatro vítimas. O investigador José Carvalho, que tentara impedir a fuga foi atingido por vários impactos. Socorrido, veio a falecer na Santa Casa de Suzano. Os civis Antônio Maria Comenda Belchior e Ferdinando Eiamini, que passavam pelo local no momento do tiroteio , foram feridos.
Takao Amano, ferido na coxa, retirado do local pelos companheiros,  foi operado por Boanerges Massa na casa do casal  Carlos Henrique Knapp e Eliane Toscano Zamikhowski, militantes da rede de apoio na ALN de São Paulo.
No dia 27 de maio, no afã de aumentar a potência de fogo de seu GTA e realizar uma ação de propaganda armada, buscando desmoralizar as forças de segurança, foi perpetrada uma ação contra o 15º  Batalhão da Força Pública do Estado de São Paulo, na Avenida Cruzeiro do Sul. No Volkswagen dirigido por Celso Antunes Horta, iam Virgílio Gomes da SilvaAton Fon Filho,Carlos Eduardo Pires Fleury e Maria Aparecida da Costa. O Karman-Ghia da cobertura era dirigido por Ana Maria de Cerqueira Cesar Corbisier, que, antecipando-se ao Volkswagen, estacionara na esquina próxima, aguardando o desenrolar dos acontecimentos. A repetina parada do carro e o rápido desembarque de três elementos surpreenderam, o soldado da Força Pública paulista Naul José Mantovani que se encontrava de guarda. Virgílio, Carlos Eduardo e Aton Fon Filho não deram qualquer chance ao soldado de serviço, que caiu fuzilado pelos terroristas e teve sua metralhadora roubada .O soldado Nicácio Conceição Pupo, que acorreu ao local ao ouvir os disparos, foi gravemente ferido na cabeça, tendo ficado com o cérebro paralisado. Os assassinos, ante a reação da guarda, que respondeu atirando contra o carro,em defesa dos feridos e do batalhão,  lograram empreender a fuga
No dia 4 de junho , no assalto ao Banco Tozan , na Avenida Penha de França, a ALN deu prosseguimento ao rol de suas vítimas fatais. durante a fuga , o soldado da FPESP Boaventura Rodrigues da Silva, que se encontrava de serviço nas proximidades do banco e tentou obstar a ação , foi morto a tiros e teve sua metralhadora roubada. O terrorista Francisco Gomes da Silva, que saiu ferido nas costas, durante o assalto, foi atendido pela mesma equipe da rede de apoio da ALN na casa de Carlos Knapp.
Ainda em 1969, nos meses subsequentes,  a ALN realizou uma série de assaltos a bancos, supermercados e empresas de transporte coletivo e de atentados a bomba , dos quais se destacam o atentado ao Palácio Episcopal , em 6 de agosto, e o metralhamento , em 24 de agosto , à vitrina da Loja Mappin , que expunha material alusivo à Semana do Exército
As ações da ALN , no referido período, foram
16 de junho - atentado a bomba nos elevadores da CBI, na rua Formosa;
23 de junho - assalto à empresa de ônibus  " Viação Leste-Oeste";
6 de junho - atentado a bomba contra uma subestação da Light, em Piquete;
08 de julho -  assalto à agência do Banco do Brasil, Santo André;
12 de julho - assalto simultâneo ao União de Bancos Brasileiros e à Caixa Econômica  Federal, na Avenida Guapira, em Jaçanã;
15 de julho - primeiro assalto à agência Bradesco na Rua Major Diogo;
24 de julho - assalto contra a União Cultural Brasil-Estados Unidos, na rua Oscar Porto;
final de julho - assalto ao Supermercado Pão de Acúcar , no Bairro de Pinheiros;
18 de agosto - assalto à agência do Banco Comércio e Indústria da Avenida São Gabriel;
24 de agosto - atentado a bomba contra a agência da Light;
29 de agosto - assalto à empresa Instrumental Berse LTDA, na rua Agostinho Gomes, 1662;
09 de setembro - assalto á agência do banco Itaú- América, na rua Pamplona;
22 de setembro - segundo assalto à agência do Bradesco , na rua Major Diogo.
No dia 19 de setembro, a ALN realizou mais uma ação de propaganda armada, desta feita contra a guarnição da radiopatrulha
nº 21, que habitualmente permanecia estacionada no Conjunto Nacional na Av. Paulista. A guarnição da RP era constituída de dois homens,e nas suas proximidas ficava um guarda-civil do policiamento ostensivo. Por vaIta das 22 horas após saltarem do carro dirigido por Aton Fon Filho,Virgílio Gomes da Silva, o comandante da ação, Denison Luís de Oliveira e Manoel Cyrilo de Oliveira Neto dirigiram-se para a viatura como se fossem solicitar uma informação. Ao mesmo tempo, Takao Amano aproximava-se do guarda-civil. Takao, num gesto desnecessário de prepotência, rendeu o guarda e obrigou-o a colocar-se de joelhos à sua frente, humilhando-o ao exigir que lhe pedisse clemência. A trinca que se ocupava da radiopatrulha, ao imaginar ou pressentir uma tentativa de reação, disparou suas armas para o interior da viatura. O soldado da FPESP Pedro Fernandes da Silva, atingido por vários disparos, um deles na coluna, ficou com sequelas seríssimas. Denison e Virgílio recolheram uma metralhadora INA e dois revólveres .38 , enquanto Takao Amano recolhia um revólver .38 do tripudiado guarda -civil.
Para complentar a "ação revolucionária, os dois primeiros espalharam gasolina e incendiaram a radiopatrulha. Esta seria uma das últimas ações da ALN em São Paulo, no ano de 1969.
Depois disso, em setembro,  Aton Fon Filho e Maria Aparecida da Costa partiram de São Paulo e foram atuar no Rio de Janeiro, esperando uma oportunidade para fugir para o exterior. 
Fonte : Projeto Orvil 
 

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