segunda-feira, 9 de abril de 2012

Eu me lembro muito bem



Em momento algum daqueles anos loucos usaram a palavra democracia de um modo que não fosse para a desqualificar como serva dos interesses da burguesia.

Em março de 1960 eu era um adolescente interiorano, recém chegado a Porto Alegre, iniciando o Curso Científico no tradicional Julinho, como era conhecido o Colégio Estadual Julio de Castilhos. Nunca vira uma escola com tanta gente, tamanha efervescência política e professores tão exigentes. Mas o que importa aqui é a política. Até sobre as provincianas disputas estudantis daqueles anos incidiam os reflexos da Guerra Fria. Os comunistas do Julinho - e havia muitos - cantavam uma espécie de grito de guerra em que se anunciava que "a vil reação vai virar sabão". Havia estudantes profissionais, com idade para serem pais dos colegas, incumbidos, pelo "Partidão", de angariar militantes para a prenunciada cadeia produtiva de sebos e sabões que usaria como matéria-prima a nós, os adolescentes da "direita reacionária".

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